Doutor Willian Tomikawa quer incentivar mais médicos a participarem da missão que ajuda população carente no Pará
Quando ficou sabendo que poderia ajudar com seu trabalho, uma população sem acesso a serviços de saúde, o médico anestesiologista do Hospital São Lucas e da CAOP (Clínica de Anestesiologia do Oeste do Paraná), Willian Tomikawa, não exitou. Deu seu nome para ser voluntário na Expedição Missionária Barco Papa Francisco, que percorre a região do baixo Amazonas, no Pará, e atende a comunidade ribeirinha, quilombola e indígena. A iniciativa é da associação de Freis Franciscanos e é mantida com doações, inclusive do Vaticano, e parceria com o SUS (Sistema Único de Saúde)
“Decidi me inscrever por uma questão espiritual. Utilizei o meu período de férias para ajudar ao próximo. Foi a primeira vez que vivi essa experiência e tenho a missão de motivar mais profissionais a se voluntariar, porque ninguém volta o mesmo depois dessa expedição”, comenta o médico.
Na missão, profissionais da saúde viajam em um barco equipado com consultórios, centro cirúrgico, farmácia, laboratórios, enfim com estrutura para atendimento aos pacientes em diversas especialidades. A triagem é feita pela comunidade local. A edição 64, da qual William participou, durou sete dias (07 a 13 de dezembro) e foram realizados 6.500 atendimentos.
“A população é muito carente e não tem sequer acesso a itens básicos de higiene. As comunidades estão há muitos quilômetros de distância dos serviços de saúde. As pessoas chegam de madrugada para pegar as fichas de atendimento. Eles chamam de ‘barco de Deus'”.
O médico conta que a história de uma paciente com paralisia cerebral foi o mais emocionante. “Foram removidos oito dentes. Ela sentia muita dor e por ser especial não conseguia se comunicar. A mãe chegou com ela nos braços. Na região não havia estrutura para anestesiar a paciente e o problema foi se prolongando. Conseguimos modificar a vida dela e isso é impagável”, comenta.
Entre os serviços ofertados estão consultas com especialistas, mamografias, biópsias, exames preventivos, cirurgias e atendimento odontológico. As edições são mensais e realizadas ao longo do ano também em outras regiões carentes de assistência médica.
“O objetivo agora é propor um projeto de extensão para estimular acadêmicos de Medicina do Centro FAG a serem voluntários. Além de aprender com os profissionais, há uma revolução nos valores de vida. A gente volta modificado totalmente em relação ao amor ao próximo”.